sexta-feira, 24 de junho de 2011

Amando uma garota

Desde a minha infância sempre pensei em príncipes encantados e romances imaginários, em fazer parte disso e viver feliz para sempre. Eles me ensinaram que uma menina deveria ser linda, delicada, gentil e lutadora, pois um dia um rapaz num cavalo branco viria, arrebataria o seu coração e passariam o resto de suas vidas juntos. Cresci sonhando com lindas histórias, um homem perfeito, um futuro planejado. Vivia de uma paixão pra outra, quebrando o meu coração sem dar tempo de consertá-lo para uma próxima queda. Era um garoto bonito, ou um que dançava bem, outro que era inteligente, outro que gostava de mim, outro apenas por ser alguém e por eu querer amar. Um dia meus romances chegaram, podia ser protagonista da história e por isso queria que fosse perfeito. Mas não era. Recriava quem estava comigo e lançava nele todas as minhas expectativas, queria meu conto-de-fada. Conseguia ver um príncipe em cada um deles, elevando suas qualidades e ignorando seus defeitos. Mas eles não. Eles não conseguiam ver uma princesa em mim. Indaguei qual podia ser meu defeito. Talvez eu fosse muito feia. Talvez falasse demais. Talvez desse atenção demais. E talvez, talvez, tal vez. Não era a minha vez. Demorou anos para eu entender, para eu aprender que não era assim. Deus me ensinou que antes de amar um homem, eu tinha que amar uma garota, uma mulher. Uma garota especial, doce, amorosa, talentosa e linda. Linda do seu jeito meigo e natural, com seus defeitos às vezes intoleráveis, mas que são o que ela é. Hoje gosto de olhá-la, de cuidá-la, deixo ela chorar quando precisa, repreendo-a quando vejo que não está fazendo o certo. Eu a aceito. Aceito amar essa garota. Porque hoje eu sei, que é amando a mim, uma garota única, como são todas as garotas, posso amar um garoto. Ele não virá num cavalo branco e nem será um brinquedo perfeito e programado. Ele será apenas o meu príncipe, que conseguirá amar a garota que eu amo e ela o amará em troca.